Zé Povinho é uma personagem de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro e adoptada como personificação nacional portuguesa. É também conhecido como João Bítor, grande amante de binho e xixas AMEN ! diz o Rui.
Apareceu pela primeira vez no 5º exemplar d'A Lanterna Mágica a 12 de Junho de 1875, num desenho alusivo aos impostos, onde se representava Fontes Pereira de Melo vestido de Stº António com o "menino" D. Luís I ao colo, enquanto Serpa Pimentel (Ministro da Fazenda) sacava o dinheiro do Zé, que permanecia boquiaberto a coçar a cabeça vestido com um fato rural gasto e roto.
Ao lado, o comandante da Guarda Municipal, observa de chicote na mão, para prevenir uma eventual resistência.
Nos números seguintes, o Zé Povinho continuou a surgir de boca aberta e a não intervir, resignado perante a corrupção e a injustiça, ajoelhado pela carga dos impostos e ignorante das grandes questões.
O próprio Raphael Bordallo-Pinheiro diz: "O Zé Povinho olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma".
Apesar de simples, o Zé Povinho é uma figura cheia de contradições, tal como foi referido por João Medina em "O Zé Povinho, caricatura do «Homo Lusitanus»": "Mas se ele é paciente, crédulo, submisso, humilde, manso, apático, indiferente, abúlico, céptico, desconfiado, descrente e solitário, também não deixa por isso de nos aparecer, em constante contradição consigo mesmo, simultaneamente capaz de se mostrar incrédulo, revoltado, resmungão, insolente, furioso, sensível, compassivo, arisco, activo, solidário, convivente..." Tem como característica principal o gesto do manguito (como se pode ver na figura ao lado), representando a sua faceta de revolta e insolência.
Tornou-se uma figura identificativa do povo português, criticando de uma forma humorística muitos dos problemas sociais e políticos da sociedade portuguesa, e caricaturando o povo português na sua característica de eterna revolta perante o abandono e esquecimento da classe política, embora pouco ou nada fazendo para alterar a situação.
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